terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fiona


Ontem fiz 19 anos de casada e recebi inesperadamente, uma prenda do Céu ...
Fiona é o nome dela.
Estou muito, muito contente !  Cristian e eu salvamos uma galga branca de olhos
negros, abandonada. Sei que fizemos a coisa certa ! Estou feliz !



Para quem tiver tempo de ler vou contar a história dela :
Há cerca de um mês ao caminho do terreno, parámos no topo duma colina para ver o pôr do sol. De repente veio ao pé de nós uma galga branca de olhos negros. A beleza dela impressionou-me tanto como o mau estado e o desespero em que se encontrava. Quis fazer-lhe festas mas Cristian recordou-me a tempo que era melhor trazermos-lhe algo de comer. Fomos para a casa buscar comida e voltámos rapidamente. Procurámo-la em vão nos caminhos de terra batida nas redondezas. Acabamos por lhe deixar a comida no sítio do nosso encontro. Fiquei muito triste. No dia seguinte à mesma hora passámos lá e a comida ainda lá estava. Os dois pensamos o mesmo : já pode ter morrido. No outro dia a comida já tinha desaparecido. Começámos a levar diariamente comida e água para o sítio do nosso encontro. Alguem vinha comê-la. Ainda fomos uns dias de férias e à volta continuámos a levar comida e água para o sítio do encontro. Há dois dias fui ver o pôr do sol sozinha e deixei também comida. Logo após o sol posto passou ao pé do jipe a galga. Tinha acabado de comer e parecia um pouco melhor. Fiquei muito contente de a rever e nem me lembrei de ver por onde ía. Contei ao Cristian e no dia seguinte fiz dum cordão de pele uma coleira para ela e duma pega comprida de mala uma trela. Parecia-me tão estranho e difícil apanhá-la mas fiz isso, nem eu sei porquê. Senti que deveria salvá-la o mais depressa possível. Se se proporcionasse iria fazer-lhe festas, ficariamos amigas e punha-lhe a coleira e a trela e a levaria para a casa. Mas não encontrava o nome dela, para a chamar. E o Cristian disse de repente : "Fiona. É o nome dela." Ontem estava decidida. Ao pôr do sol fui para o sítio do encontro. Mas ela já tinha passado, a comida já tinha desaparecido. Voltei triste e ao mesmo tempo esperançada. Hoje, no meio da tarde, passamos lá de mota, levei comida e tinha a trela comigo. Mas ela não veio. Mais tarde Cristian passou para o terreno e à volta a encontrou. Entre dar-lhe de comer e fazer-lhe festas ligou-me. Fui logo para lá. Fiquei contente de a ver e ela abanou o rabo. Não se manifesta muito mas senti que ela também estava contente. Fiz-lhe festas e falei-lhe de ficar comigo. Mostrei-lhe o carro, abri a porta do carro para ver se ela entrava. Tinha receio mas deixou-me pôr-lhe a coleira e a trela. Depois foi junto à porta-bagagem. Abrimos a porta-bagagem e ela ficou interessada. Cristian pegou-a ao colo e pô-la na porta-bagagem donde tirámos a tampa interior. Assim, com a porta-bagagem fechada, ela tinha a cabeça fora e podia ver pela janela. Arranquei o carro e fomos logo para a casa. Abrimos-lhe a garagem e tinha medo de entrar. Cristian quase a levou ao colo até ao pateo. Fiz-lhe uma cama dum tapete de lã e um saco-cama velho. Está cheia de pulgas, carraças e feridas. Cristian trouxe do veterinário uma pipeta para combater as pragas. Gosto muito de Fiona, faço-lhe festas como se nos conhecessemos desde sempre. Tento limpar-lhe as orelhas e a cabeça e ponho-lhe betadine nas feridas.  Coça-se muito, tem a pele sensivel e deve ter feito uma alergia de tantas pragas. De vez em quando chora um bocadinho. Estou muito contente por ela e por mim. Nem parece verdade. É uma prenda do Céu. 

Amanhã vamos ao veterinário ...   

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